Se tivesse que escolher um ícone da era digital, talvez optasse pelo Portable Document Format, mais conhecido como PDF. As possibilidades que o formato abriu, a amadores e profissionais, ultrapassou a imaginação de muitos e completou a panóplia de ferramentas que expuseram, em toda a sua glória, o Desktop Publishing (DTP). Tornou-se possível enviar textos, gráficos e imagens compostos para produção, sem necessidade de recurso a intermediários, como anteriormente sucedia.
A génese do PDF remonta a 1983/84, altura em que os engenheiros John Warnock e Charles Geschke, investigadores no Xerox Park, departamento de investigação e desenvolvimento da Xerox, imaginaram uma linguagem que se tornaria no PostScript. Esse novo código melhorou a comunicação de computadores com impressoras, na altura um problema de difícil resolução. Frustrados pelo desinteresse da marca no que imaginaram, despediram-se e criaram a Adobe, empresa que se tornaria a omnipotente casa gráfica digital, com softwares célebres como o Illustrator, Premiere, ou o famosíssimo Photoshop.
Em 1992, John Warnock evoluiu o PostScript para um modelo com potencialidades gráficas muito superiores, a que chamou PDF, com possibilidades de gestão de toda uma série de elementos multimédia. As potencialidades evoluíram e o formato passou a suportar textos, gráficos, imagens, áudio, fontes, vídeos, objectos 3D e possibilidades de gestão e controlo que tornaram o PDF no canivete suíço digital actual.
A especificação do PDF é aberta e normalizada (ISO 32000-2:2020 – Dez. 2020), estratégia que possibilitou a transcrição de ficheiros nativos de vários softwares, em PDF para poderem ser usados por qualquer utilizador.
Apesar da simplicidade de visualização do PDF, a sua elaboração tem distinções. Na altura da criação, é possível elaborar o ficheiro PDF com mecanismos bastante distintos, permitindo a inserção de diversas funcionalidades, geralmente em três grandes grupos. O primeiro e mais habitual, é o texto pesquisável. O segundo, permite a inserção de textos e imagens. O terceiro e mais surpreendente, possibilita a inserção de imagens digitalizadas, porém pesquisáveis. Ou seja, na digitalização é usado um processo de reconhecimento de texto (OCR), que permite inserir uma camada de texto invisível, mas pesquisável. Desta forma, é possível procurar palavras ou frases, em livros ou documentos não concebidos em versão digital como, por exemplo, neste livro:(clique aqui para consultar).
A variedade de possibilidades não termina aqui. O PDF permite inserir os textos, imagens e diferentes elementos adequados ao propósito gráfico a que se destina; seja simples visualização, produção em grandes dimensões, produção tradicional, digital, etc. Para o efeito, é possível codificar PDF (ISO) em seis tipos normalizados:
- PDF: O mais habitual, com textos e/ou imagens para consulta;
- PDF/A: para arquivo. Este modelo tem ferramentas de código e encriptação que permite restringir o uso;
- PDF/E: para ficheiros de grande dimensão, especialmente usados na construção, engenharia e arquitectura;
- PDF/X: para ficheiros gráficos de alta resolução, inserção de fontes e modelos de cor;
- PDF/UA: para pessoas com deficiências (UA = Universal Access);
- PDF/VT: baseado no PDF/X, mas com possibilidades mais alargadas, que permitem a inserção paralela de ficheiros de outro género.
Para além destes, surgem outros usos específicos com conjuntos de dados regulamentados em novas normas não ISO, como o PAdES, relativo às transações sem papel na UE ou o PDF Healthcare, desenhado para estruturar e compilar várias categorias de informação médica.
Referências
https://pdf.abbyy.com/learning-center/pdf-types/
https://www.marconet.com/blog/bid/326753/8-types-of-pdf-standards-each-serves-a-unique-purpos