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Sabe quantos sentidos temos, ou ainda julga que se resumem a 5?

Sabe quantos sentidos temos, ou ainda julga que se resumem a 5?

Para a generalidade das pessoas, a informação que retiveram sobre os sentidos ficou limitada aos 5 sentidos básicos aprendidos na infância. Esse número de sentidos, tantos quantos os dedos de uma mão, recebido em tenra idade e transmitido em inúmeros textos, romances e poemas, cristalizou-se na nossa mente, fazendo-nos ignorar que há mais sentidos.

Se tivéssemos apenas 5 sentidos não conseguiríamos sequer coordenar o corpo ou andar, para destacar algumas das muitas coisas que os restantes nos possibilitam. Na realidade, o número de sentidos que temos é pelo menos o dobro. O número total tem vindo a aumentar, resultado das descobertas e informações mais detalhadas sobre o funcionamento do cérebro.

Contudo, a quantidade de sentidos não reune consenso científico, divergindo pela falta de acordo sobre o que é um sentido. Nos diversos dicionários há definições que vão desde o genérico: “faculdade que os homens e animais têm de receber informações do exterior”, ou o mais específico “um grupo de células sensoriais que respondem a um fenómeno físico e cuja informação sensorial é recebida e interpretada numa zona específica do cérebro”.

Segundo as definições mais objectivas, há cientistas que defendem que por exemplo o Sabor deveria ser dividido em 4 sentidos1, porque o doce, salgado, amargo e azedo são processados por células diferentes. Com o mesmo argumento, a Visão deveria ser dividida em 2 sentidos; visão de cor e visão de formas /intensidade de luz e por aí fora.

Em suma: são reconhecidos entre 9 e 18 sentidos, mas há quem admita mais de 20. Para além das polémicas técnico-científicas e de detalhes que nos deixam na dúvida, há uma série de sentidos que facilmente percebemos que são autónomos dos 5 mais conhecidos:

Sensação de equilíbrio: permite perceber a gravidade, as mudanças de direção e aceleração, o que nos permite manter o equilíbrio para andar e correr. O sensor está localizado no ouvido interno e chama-se sistema vestibular.

Termopercepção: capacidade de perceber a temperatura. Como há dois tipos de sensores, uma para o calor, outro para o frio, há debate se este é um ou dois sentidos.

Propriocepção: Capacidade de perceber a relação entre os membros e músculos do nosso corpo. Este sentido está ligado à capacidade de coordenação. Um estudo de 2016 do The New England Journal of Medicine2, demonstra que pessoas com mutações num determinado gene associado a este sentido recebem menos informação no cérebro, o que faz com que tenham menor sensação mecânica, sejam desajeitados e hajam com menor coordenação do que as pessoas sem essa mutação no gene.

Nocicepção: percepção de dor. Julgava-se que este sentido era parte do Tacto, mas afinal é independente pois a dor pode ter origens diversas: cutánea (pele), somática (ossos e juntas) e visceral (órgãos).

Distensão: identifica dilatações de vasos sanguíneos e de vários órgãos do nosso corpo: pulmões, estômago, bexiga e intestinos. Avisam quando temos que ir….

Fome: alerta do corpo para a necessidade de ingestão de comida.

Sede: alerta do corpo para a necessidade de hidratar o corpo.

Comichão: é um sentido autónomo do toque. Podemos ter sensações de comichão sem toque ou provocadas por outros eventos.

Tensão: localizados nos músculos, informam do grau de tensão e esforço dos músculos.

Alguns ainda abertos a discussão:

Magnetocepção: há falta de informação concreta em humanos, mas vários animais têm este sentido muito apurado, que lhes permite orientar-se em grandes deslocações, usando os campos magnéticos terrestres. Em humanos apenas se sabe que em pessoas sujeitas a implantes com algum grau de magnetismo, desenvolveram este sentido.

Percepção de Tempo: Não se sabe como funciona apesar de estudos demonstrarem que os humanos têm uma surpreendente percepção de tempo. Julga-se que a informação de tempo curto é processada pelo cortex cerebral, pelo cerebelo e pelos gânglios basais, e a de ciclos pelo núcleo supraquiasmático do hipótalamo, responsável pelos ciclos circadianos.


Notas

1 Há quem defenda que existe um quinto sentido no sabor. Como esse sentido é polémico, visto que pode ser o resultado do equilíbrio dos restantes, é conhecido como “umami” e para os seus defensores é a capacidade de sentir a “delícia”.
2 Veja o estudo aqui


Referências

https://www.livescience.com/60752-human-senses.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Sense


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