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Não, não há cores nenhumas, isso são coisas da tua cabeça!

Não, não há cores nenhumas, isso são coisas da tua cabeça!

Desde pequenos que somos levados a acreditar que o mundo que nos rodeia é colorido. Como a maior parte de nós vê cores, julga que são os objectos que possuem esses atributos. Esta capacidade de percepção de cor é uma das ferramentas mais úteis que o ser humano tem ao seu dispor. Quer seja pelo prazer de pura contemplação, quer seja para nos auxiliar e agir tirando partido dos benefícios e entender as ameaças do mundo que nos rodeia. No entanto, é a luz emitida pelo sol ou por outras fontes e/ou reflectida pelos objectos, que nos chega aos olhos, a responsável pela informação que o nosso cérebro converte em cor. Sem luz, não há cor.

Como muitos saberão e qualquer daltónico poderá confirmar, as cores não são inerentes aos objectos. A percepção de cor é obtida quando a luz entra nos nossos olhos incidindo na retina. Aí, umas células chamadas “cones”, sensíveis às “cores”, interpretam as diversas frequências emitidas pela luz e convertem-nas em impulsos nervosos. As pessoas que têm falhas parciais de “cones” na retina1 não conseguem distinguir ou identificar algumas cores. Se a falha for total, ou seja, na ausência de “cones” ou se apenas um tipo destas células estiverem presentes na retina, a incapacidade de visão colorida é total.

Infelizmente o daltonismo é bastante frequente, em especial nos homens. 1 em cada 12 homens (cerca de 8%) e 1 em cada 200 mulheres (cerca de 0,45%), têm alguma espécie de incapacidade de ver cores. Estas anomalias costumam ser de origem genética, mas podem ser causadas por outras doenças, medicação ou idade. Esta anomalia afecta a vida dos lesados, mas também de todos os restantes, criando condicionalismos obrigatórios para a vida em sociedade. Nunca pensou porque os semáforos têm 3 lâmpadas? Num mundo sem daltónicos teriam apenas uma lâmpada que mudaria de cor. O mesmo se passa com a variedade de formas dos sinais de trânsito e outros.


Espectro visível da luz solar


Para os restantes felizardos sem anomalias na retina, quando as frequências da luz são convertidas em impulsos nervosos, são transmitidas pelo nervo óptico até à parte posterior do cérebro, ao córtex visual onde as informações são descodificadas. As frequências visíveis ao ser humano estão sensivelmente entre os 380nm e os 780nm, ou seja, dos violetas aos vermelhos. As cores anexas, quer os ultravioletas quer os infra vermelhos não são captados pelo nosso sistema visual, ao contrário das aves que têm um quarto tipo de células “cone” que consegue ver o ultra violeta.

Como o córtex visual é parte do cérebro e cada pessoa um indivíduo, o que o seu cérebro processa é condicionado por uma mistura pessoal de conhecimento adquirido, experiências e análises anteriores. O que vemos é o resultado desses filtros e sistemas pessoais, inevitavelmente diferente de qualquer outra pessoa. As cores e o mundo que o leitor conhece foram pois criados pela sua cabeça e de certeza que não são iguais às cores e percepção do mundo de qualquer outro. Pense nisso antes de criticar as opções coloridas de outros!



Notas

1 O Daltonismo também é conhecido como discromatopsia ou discromopsia e pode variar entre anomalias parciais; dicromacia (protanopia, deuteranopia ou tritanopia), tricromacia (protanomalia, deuteranomalia ou tritanomalia), até anolamias totais, também chamadas monocromacia (típica e atípica).
2 Resumo muito sintético. Para maior informação sobre o sistema visual humano, processo de visão e anomalias consulte por exemplo: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/33007/1/TESE_MULTICOLOR_FFINAL_Filipa%20Rodrigues.pdf

Referências

http://www.colourblindawareness.org/colour-blindness/


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